Notícias
Crise no comércio brasileiro tem potencial para prejudicar a indústria
Varejo responde por 25% dos pedidos de recuperação judicial em 2023
A crise que assola o varejo brasileiro nos últimos meses em meio à queda do poder de compra da população pode contaminar a indústria, setor responsável por 20% de toda a produção nacional. O movimento preocupante tem origem no elevado número de pedidos de recuperação judicial que envolvem o comércio. Neste ano, as 99 solicitações realizadas até abril representam um de cada quatro (26%) pedidos efetivados no período.
Entre todas as requisições do varejo, 71 foram aprovadas pela Justiça, segundo dados do Serasa Experian. Em ambos os casos apenas o setor de serviços aparece com mais pedidos (164) e deferimentos (143) no primeiro quadrimestre de 2023.
Denis Medina, economista e professor da FAC-SP (Faculdade do Comércio de São Paulo), explica que a recuperação judicial representa uma proteção da Justiça para que a empresa em situação delicada reorganize seus prazos de pagamento, o que pode afetar toda a cadeia econômica do país.
“Quando falamos de varejistas, os principais fornecedores são as indústrias ou os importadores”, diz Medina. Segundo ele, as negociações envolvem descontos para o pagamento das dívidas e maior prazo para a quitação. “Isso mata o lucro da indústria, que prefere receber algo a ter prejuízo, mas também com prazo”, afirma.
“No primeiro momento, afeta o comércio, depois as indústrias e o restante do mercado. Se as empresas não terão mais os volumes do varejo, com redução de seus recebimentos e as margens comprometias, elas acabam demitindo, e isso se espalha por todo o mercado, porque vários outros setores sofrem juntos”, completa Medina.
Rogério Capucho, copresidente da SPS Group, parceira da SAP do Brasil, ressalta que ambos os setores são essenciais para garantir o desempenho econômico. "Precisamos estar atentos para que essa crise no varejo não afete também a indústria, uma vez que um setor está intrinsecamente ligado ao outro", pondera.
Os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) mostram que a situação da indústria já é preocupante, com o segmento em nível 2% abaixo do registrado em fevereiro de 2020, o último mês sem o impacto da pandemia de coronavírus na economia nacional.
Em abril, a queda de 0,6% da indústria interrompeu a alta apurada em março, quando o segmento cresceu pela primeira vez após acumular queda de 0,6% entre dezembro e fevereiro, três meses consecutivos de perdas no setor.
A taxa básica de juros no maior patamar desde 2017 é outro entrave citado pela indústria como limitador. "Para termos crescimento e desenvolvimento, é claro que a inflação não pode ser elevada, todos nós concordamos com esse ponto. No entanto, precisamos dosar esses juros para que a Selic atenda à meta de inflação e não prejudique a atividade econômica", afirma Robson Braga de Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Links Úteis
Indicadores de inflação
08/2024 | 09/2024 | 10/2024 | |
---|---|---|---|
IGP-DI | 0,12% | 1,03% | |
IGP-M | 0,29% | 0,62% | 1,52% |
INCC-DI | 0,70% | 0,58% | |
INPC (IBGE) | -0,14% | 0,48% | |
IPC (FIPE) | 0,18% | 0,18% | 0,80% |
IPC (FGV) | -0,16% | 0,63% | |
IPCA (IBGE) | -0,02% | 0,44% | |
IPCA-E (IBGE) | 0,19% | 0,13% | 0,54% |
IVAR (FGV) | 1,93% | 0,33% |
Indicadores diários
Compra | Venda | |
---|---|---|
Dólar Americano/Real Brasileiro | 5.6769 | 5.6779 |
Euro/Real Brasileiro | 6.12 | 6.135 |
Atualizado em: 07/11/2024 07:33 |